segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Os 30 Melhores Discos Nacionais de 2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A importância do Marco Civil da Internet




Nos últimos anos, uma nova lei – a Lei do Cabo – permitiu aos canais de TV a cabo descontar parte do imposto de renda no financiamento de produções nacionais – com obrigatoriedade de passar um pequeno número de horas/mês no horário nobre.
Bastou para que começasse a florescer por todo o país uma nova indústria de audiovisual.
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Nos primórdios da televisão nos Estados Unidos, a nova tecnologia atraiu multidões de pequenos empresários. A pretexto de botar ordem no mercado, o poder federal decidiu regular o setor. E concedeu o espaço público a poucas redes de emissoras.
O argumento inicial é que o modelo de negócios – com base nos comerciais – só seria viável se em formato de rede. E seria a maneira das emissoras, fortalecidas pelo modelo, darem a contrapartida para a sociedade – na forma de produções bem acabadas, programas educativos, campanhas cívicas, espaço para a diversidade.
Com o tempo, a lógica comercial se impôs sobre as contrapartidas sociais. Partiu-se para um vale-tudo, da busca da audiência a qualquer custo que acabou desvirtuando os princípios legitimadores da oligopolização.
Mais que isso, as redes ganharam tal poder no mercado de ideias que passaram a interferir no jogo político, na política econômica, no próprio caráter nacional.
Nos Estados Unidos, esse modelo só foi rompido com a eclosão da TV a cabo e, agora, com a Internet. Hoje em dia, 55% dos norte-americanos assistem televisão através da Internet. Em breve, haverá o fim das emissoras abertas dominando o espectro da radiodifusão.
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No caso brasileiro, o formato das redes provocou o enfraquecimento das manifestações regionais, não abriu espaço para as produções regionais, consolidou dinastias políticas, através dos afiliados. E permitiu aos grandes grupos um ativismo político incompatível com sua condição de concessão pública.
Qualquer tentativa do Ministério Público Federal, Procons, ONGs de exigir bom nível da programação das emissoras resulta em grita geral com o uso duvidoso dos conceitos de liberdade de imprensa.
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O reinado da TV aberta terminará com o advento da Internet. E o novo hábito está abrindo a possibilidade de uma nova explosão de criatividade, com novos canais, novas empresas produzindo vídeos exclusivamente para o novo ambiente.
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O modelo cartelizador da radiodifusão não pode se repetir na Internet. Daí a importância do marco civil definir a neutralidade da rede – isto é, o direito de qualquer pessoa ou empresa ter acesso às linhas de dados em igualdade de condições.
No momento, há um forte lobby no Congresso tentando conceder às empresas de telefonia o direito de selecionar o tráfego na rede. Aparentemente, há um pacto entre as teles e os grupos de mídia para impedir o avanço de redes sociais como Facebook e Gmail.
Argumentam que, como investiram na infraestrutura, teriam o direito de explorar da maneira que quiserem. Esquecem-se que são concessões públicas, monopólios naturais. E, como tal, têm obrigação de fornecer seus serviços em igualdade de condições para todos os clientes.
Permitir o controle da rede será conceder a esses grupos o poder sobre a opinião pública, o controle de todas as iniciativas empreendedoras na Internet, matando a criatividade e a voz da sociedade.

Fonte: Luis N.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Era das Utopias

     'Era das Utopias' é uma minissérie de seis episódios divididos em três temas: 'Utopia Socialista', 'Utopia Capitalista' e 'Novas Utopias'. 
'Qual sua utopia?' é a pergunta que vai guiar a nova minissérie da TV Brasil, dirigida pelo cineasta Silvio Tendler.
    A série pretende retratar as principais transformações sociais, econômicas, culturais e artísticas após a Segunda Guerra Mundial; as utopias que foram criadas neste período e as barbáries que o pontuaram. A série descreve o desmantelamento das utopias vigentes em 1968 e a criação das novas utopias que se consolidaram no mundo contemporâneo.
     Os primeiros capítulos tratam do surgimento da utopia socialista e todas as suas consequências durante o século XX. Já os capítulos referentes à utopia capitalista mostrarão a derrocada do Socialismo com a queda do muro de Berlim, em 1989; os desdobramentos gerados e, tantos outros fatos que nos levaram às novas utopias, derivadas do conflito entre novas tecnologias e velhas mazelas. Para Tendler, a luta das atuais gerações é a preservação do planeta. “Salvar o planeta dos danos causados pela utopia capitalista e pela utopia comunista é a nova utopia”, afirma o diretor.



Lista de nomes dos entrevistados:
Adetokunbo Borishade – Professora e pesquisadora da cultura afro-americana e africana.
Albert Jacquard - Geneticista francês.
Amos Gitai – Cineasta israelense.
Apolônio de Carvalho – Dirigente do Partido Comunista. Lutou na Guerra Civil Espanhola.
Carlos Alberto Moreira – Biomédico.
Carlos Eduardo Lins da Silva – Jornalista.
Carlos Walter Porto – Geógrafo.
Chico de Oliveira – Sociólogo.
Clara Charf – Militante comunista.
Edgar Morin - Sociólogo.
Eduardo Bueno – Jornalista e escritor.
Eduardo Galeano – Jornalista e escritor uruguaio.
Ferreira Gullar – Poeta.
Frei Fernando – Frei dominicano participou da resistência à ditadura militar.
George Yúdice – Professor e escritor norte-americano.
Jacob Gorender - Historiador e militante comunista.
Jean Marc Salmon – Sociólogo francês.
Jorge Zabalza - Combatente do grupo guerrilheiro uruguaio Tupamaros.
Leandro Konder – Filósofo.
Leonardo Boff – Teólogo.
Luis Fernando Veríssimo – jornalista e escritor.
Luiz Gê – Ilustrador e professor de desenho.
Moacyr Felix – Poeta.
Moacyr Scliar – Médico e escritor.
Muk Tsur – Diretor do movimento de Kibbutz em Israel.
Noam Chomsky – linguista norte-americano.
Noel Gertel – Jornalista.
Raul Alvarez – Engenheiro, membro do movimento estudantil mexicano de 1968.
Roberto Fernández Retamar – Escritor cubano. Presidente da Casa das Américas.
Samuel Blixen – Jornalista, combatente do grupo guerrilheiro uruguaio Tupamaros.
Sergio Amadeu – Sociólogo.
Susan Sontag – Escritora norte-americana.
Toni Negri – Filósofo italiano.
Wolfgang Becker – Cineasta alemão.
Yves Lesbaupin – Ex-frei dominicano, participou da resistência à ditadura militar.

Direção: Silvio Tendler
Duração: 26 Min./cada episódio
Ano: 2009

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

TROM - Documentário


TROM representa o maior documentário já criado, mas também o único que tenta analisar tudo: da ciência ao sistema monetário e soluções reais para melhorar a vida de todos.

Uma maneira nova e real para olhar sobre o mundo.

"Antes do Big-Bang, até o presente, e além."



Ativar legenda oculta.

Você pode ver e baixar todo o documentário TROM aqui: http://tromsite.com/

domingo, 13 de outubro de 2013

ILHA DAS FLORES

Considerado pela crítica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século. Divertido, irônico e ácido, Ilha das Flores trata de uma forma simples e didática a maneira que funciona o ciclo de consumo dos bens numa sociedade desigual.
Mostra toda a trajetória de um tomate, saindo do supermercado até chegar ao lixo. Um clássico do cinema de curta metragem nacional produzido em 1989.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Cérebro Eletrônico e o novo disco: "Vamos pro Quarto".




Vamos Pro Quarto - conta com nove faixas inéditas, que podem ser ouvidas a seguir. O download do disco está disponível no site da banda, assim como todo o restante da discografia do Cérebro Eletrônico


Fonte: Movethatjukebox

Autoramas e Bnegão

Autoramas e Bnegão Lançam juntos o EP Auto Boogie, com produção de Frejat























O combo de artistas da Autoramas junto a BNegão revelou um novo lançamento em disco. O EP intitulado como Auto Boogie traz faixas e versões recriadas pelos próprios brasileiros, homenageando nomes como Prince, Lou Reed e a antiga banda do vocalista e guitarrista Gabriel Thomaz, Little Quail.
O trabalho já pode ser ouvido por completo pelo Soundcloud da Musinova




Fonte: Rockinpress
           Monkeybuzz

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cidadão Instigado

SILÊNCIO NA MULTIDÃO

http://irpra.la/m/1100829

Clique para ouvir a música e ver a letra de Cidadão Instigado - Silêncio na Multidão, no Kboing.

https://www.facebook.com/cidadaoinstigado

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

7 efeitos curiosos do café no organismo

 Tiago Perin

Há quem sofra com todo o tipo de efeito desagradável se passar o dia sem um (ou vários) cafezinhos. Em algum momento da nossa evolução, o café virou, mais do que um prazer gastronômico, um amigo fiel e um quase-remédio. Está com sono? Tome café. Estressado? Café. De ressaca? Café. Alguns dos efeitos dele sobre o nosso organismo são devidamente comprovados – ele realmente vicia, por exemplo. Mas outros (e aí entram tanto benefícios quanto perigos) a ciência traz e leva de volta como se estivesse de brincadeira com a gente. Certas pesquisas, por algum motivo, chegam até a desmentir uma a outra. Vai entender. Mas, isso não dá para negar, o café é mesmo um bichinho poderoso. Pega lá um para você e dá uma olhada nessa lista, com algumas verdades quanto a do que ele é realmente capaz.

1. Café não deixa você mais alerta.
É tudo uma ilusão. Cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, dizem que, se a gente faz do cafezinho um hábito, logo desenvolvemos tolerância ao efeito estimulante da cafeína. “Mas eu tomo café e me sinto diferente. E aí?”. Bem, segundo o estudo dos caras, o fluxo de energia que você sente é apenas reflexo dos sintomas da abstinência de cafeína (que causa, veja só, fadiga) indo embora. Ou seja: você está mal.

2. Café favorece a performance feminina. Mas prejudica a masculina.
Outro estudo da Universidade de Bristol analisou a performance de homens e mulheres em atividades como testes de memória após dar a eles café normal ou descafeinado. E constatou que, munidas de cafeína na corrente sanguínea, as mulheres lidam melhor com situações estressantes e trabalham melhor em grupo. Mas os homens não. Neles, o café diminui a velocidade de raciocínio e aumenta a agressividade.

3. Café faz os seios diminuirem de tamanho.
A cafeína mexe com os níveis de estrogênio da mulher, o que pode fazer com que os seios encolham “significativamente”. Três xícaras de café por dia já são o suficiente para o efeito ser notado. A conclusão é de um estudo da Universidade de Lund, na Suécia. E essa nem é a parte mais estranha da história. Nos homens, o efeito é oposto: agindo com a testosterona, o consumo frequente de cafeína pode aumentar a região mamária masculina – e deixar os moços com “peitinhos”.

4. Café faz você ter alucinações.
Sim, ele dá barato. Mas, provavelmente (a gente nunca testou) é um barato não muito legal. Participantes de uma pesquisa da Universidade de Durham, no Reino Unido, começaram a ouvir vozes depois de tomar sete copinhos de café em um só dia. Os cientistas supõem que as alucinações sejam causadas pelo aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que o excesso de cafeína provoca.

5. Café previne o mau hálito.
Sabe aquele bafo de café que você sente quando o seu colega de trabalho chega para falar mais de pertinho? Não é bacana. Mas, a longo prazo, pode valer a pena. Uma pesquisa israelense, da Universidade de Tel Aviv, descobriu que certos elementos na composição do café bloqueiam o desenvolvimento das bactérias responsáveis pelo mau hálito. Agora eles estão querendo isolar esses componentes e produzir chicletes, pirulitos e outras coisas para prevenir a halitose.

6. Café faz bem para o coração (mas só para o de quem está acostumado a beber café).
Se você toma café demais, seu coração dispara. Já percebeu? Mas isso não quer dizer que a cafeína seja, necessariamente, ruim para ele. Aliás, se você não está acostumado a beber café, quer sim. Estudos das universidades de Washington e Harvard, nos EUA, dizem que quem bebe apenas uma xícara por dia ou menos do que isso tem quatro vezes mais chances de ter um enfarto – em geral, na primeira hora após o consumo da bebida. Condiz com o resultado de uma outra pesquisa norte-americana, apresentado na 50ª Conferência Anual da Associação Americana do Coração, em 2010, que aponta um risco 18% menor de problemas cardíacos em quem toma quatro ou mais xícaras de café por dia.

7. Café facilita a sua vida na academia.
Tomar um copinho antes de se jogar na malhação, além de dar uma energia extra, diminui a dor causada pelos exercícios e facilita a sua busca pelo corpão perfeito. É o que diz um estudo da Universidade de Illinois, nos EUA. E, dessa vez, não importa se você tem o hábito de beber café ou não. Segundo os pesquisadores, a cafeína age diretamente sobre partes do cérebro e da medula espinhal envolvidas no processamento da dor, seja você um coffee junkie ou não. Olha aí: dá quase para dizer que café emagrece.

Fonte: Ciência Maluca

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Música

PORCAS BORBOLETAS

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Cântico Negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Autor: José Régio

segunda-feira, 18 de março de 2013

Imersão

Atores Mergulham em seus Personagens 

 

Alunos da Universidade de San Diego, no programa de graduação - Mestres das Belas Artes e Atuação, mergulharam literalmente em seus personagens de Shakespeare, que retratam o estudo no curso.

Expandindo nossa série Cabeças de Peixes, nos propusemos a criar um outro conjunto dinâmico de imagens brincando com a natural tensão superficial da água. Desta vez, queríamos mais ação, com mais intensidade e maior submersão! O resultado é uma série de imagens dinâmicas, que demonstram a transfomação que o ator é submetido quando "mergulha" em um papel. Personagens que, caracterizados incluem: Launce, de Os Dois Cavalheiros de Verona; Romeu, de Romeu e Julieta; Titânia, de Sonho de Uma Noite de Verão; Henrique V, de Henrique V; Macbeth, de Macbeth;  Hecate, de Macbeth; Ariel, de A Tempestade; e Lady Macbeth, de Macbeth.








Fotografia: Tim Tadder
Fonte: Top Workzz

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Torquato Neto

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eu tenho medo...







sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O homem é a sua própria estrela...





O homem é sua própria estrela; e a alma que pode 
Fazer um homem honesto e perfeito, 
Comanda toda luz, toda influência, todo destino; 
Nada lhe advêm cedo ou tarde demais.
Nossos atos são nossos anjos, bons ou maus, 
Nossas sombras fatais que andam ao nosso lado, silentes.

Ralph W. Emerson


Gala inaugural. TALENT Madrid.
Creative Commons

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Nenhum problema tem solução...








    Nenhum problema tem solução. Nenhum de nós desata o nó górdio; todos nós ou desistimos ou cortamos. Resolvemos bruscamente, com o sentimento, os problemas da inteligência, e fazemo-lo, ou por cansaço de pensar, ou por timidez de tirar conclusões, ou pela necessidade absurda de encontrar um apoio, ou pelo impulso gregário de regressar aos outros e à vida. 
        Como nunca podemos conhecer todos os elementos de uma questão, nunca a podemos resolver. Para atingir a verdade faltam-nos dados que bastem, e processos intelectuais que esgotem a interpretação desses dados. 


         Fernando Pessoa


         




terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Um bom poema...



Um bom poema
leva anos,
cinco jogando bola, 
mais cinco estudando sânscrito, 
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada, 
quatro andando sozinho, 
três mudando de cidade, 
dez trocando de assunto, 
uma eternidade, eu e você, 
caminhando junto.

Paulo Leminski





terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Vou-me Embora pra Pasárgada




Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero 

Na cama que eu escolherei


Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca da Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive


E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei num burro brabo

Subirei no Pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado 

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Pra a gente namorar


E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não tiver jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

- Lá sou amigo do rei -

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.


Manuel Bandeira